O porcelanato líquido, também conhecido como piso epóxi, é uma solução de revestimento com alto grau de impermeabilização, além de oferecer acabamento estético e nivelamento. Por ser monolítico, esse material apresenta um bom nível de assepsia, já que a ausência de rejunte reduz a proliferação de microrganismos. “Outra característica do material é sua resistência a impactos e abrasão, com dureza Shore chegando a até 80 MPa”, afirma Fernando Dantas, sócio-gerente da Nery Epóxi Pisos e Revestimentos, empresa especializada no tratamento de pisos com a pintura epóxi.

Uma grande vantagem do porcelanato líquido é que não há necessidade de retirar o revestimento anterior para recuperar os diferentes tipos de superfícies. O produto é comercializado em uma variada gama de cores, e pode-se aplicar mais de uma tonalidade no mesmo ambiente. “É possível brincar com a criatividade”, sugere Dantas.

AMBIENTES INTERNOS

É possível aplicar o porcelanato líquido em qualquer superfície sólida, como concreto, cimento rústico ou liso, cerâmica, madeira, pedras naturais e ferro. Há restrição de uso apenas em áreas com forte umidade na base ou no substrato, o que ocasiona problemas com o elemento de preparação, prejudicando a aderência.

“O uso da solução não é aconselhável em solos moles ou esponjosos. Como, uma vez curado, o piso fica rígido, a movimentação da base pode resultar no aparecimento de trincas”, adverte Dantas. Mesmo quando é especificado para áreas externas, o material não pode ficar exposto diretamente ao sol ou à chuva. Em caso de intempéries, são mais indicados os produtos à base de poliuretano.

Devido a essa restrição relacionada à umidade, no caso da aplicação piso sobre piso, é importante verificar inicialmente as condições da base. Se a superfície for de cerâmica ou similar, é fundamental analisar se existem peças soltas ou com ar entre a pedra e o piso. “Caso verificado aquele barulho oco por baixo da placa, é preciso removê-la”, orienta Dantas. O espaço resultante após a retirada da peça é preenchido com argamassado epóxico, uma substância que proporciona secagem mais rápida. Reutilizar a pedra que foi removida não é indicado, pois a massa necessária para fixá-la apresentará maior tempo de cura.

RAPIDEZ NA APLICAÇÃO

O procedimento de aplicação do porcelanato líquido é simples, mas não basta realizar a limpeza da área, aplicar a argamassa niveladora e, por fim, inserir a camada. “Há muito material no mercado que indica somente esses três passos, mas que não leva em consideração todo o estudo prévio do ambiente, que é sempre necessário”, alerta Dantas.

A primeira ação é visitar a área onde o produto será aplicado e levantar a maior quantidade possível de informações sobre o piso, como o grau de circulação, níveis de umidade, se o piso é novo ou antigo e quais atividades serão realizadas no ambiente. Com todos esses dados, é possível adotar o procedimento correto, de acordo com cada cenário.

Uma vez com o histórico do ambiente em mãos, o aplicador realiza o lixamento manual ou mecânico de toda a área a fim de eliminar partes soltas, resíduos de concreto, cera, derivados de petróleo, entre outros. O trabalho resultará em um o piso áspero, que deverá ser minuciosamente limpo com uso de aspirador de pó. “Passar apenas a vassoura pode causar uma falsa sensação de limpeza e deixar acúmulo de sujeira nos cantos”, afirma Dantas.

Com a superfície livre de resíduos, é aplicado o selador com ou sem carga, rolado ou desempenado. A escolha do selador ideal deve ser feita com base no estudo prévio do piso, enquanto o tempo de cura varia entre seis e oito horas, dependendo da umidade relativa do ar. O procedimento continua com o uso de enceradeira ou politriz para lixar superficialmente o piso e garantir nivelamento.

“Estando todo o ambiente livre de buracos, caroços ou pó, finalmente se aplica o porcelanato líquido”, diz Dantas. A solução é gelatinosa e nivelante, tendendo sempre a escorrer para as partes mais baixas. O tempo de cura é de 12 horas para o tráfego leve e de um dia para o pesado. É importante que todo o processo seja executado por um profissional da área, pois o material é delicado e de secagem rápida após a mistura dos componentes. As embalagens do produto merecem atenção especial no momento de descarte, pois podem ser prejudiciais ao meio ambiente se deixadas em locais inadequados.

MANUTENÇÃO E QUALIDADE

Para manter o desempenho do piso epóxi, são necessários alguns cuidados simples, como evitar arrastar sobre ele móveis pontudos, que possam riscar o revestimento. A limpeza deve ser feita apenas com água e sabão neutro, sendo terminantemente proibido aplicar produtos químicos ou derivados de petróleo.

“Essas substâncias podem manchar o piso, além de tirar o brilho”, diz Dantas. A revitalização pode ser feita a cada três a cinco anos, usando produtos especiais e enceradeiras. Eventual aparecimento de bolhas no revestimento pode ser sinal de que a aplicação foi feita de forma equivocada. Pontos falhos permitem a entrada de umidade, o que pode levar ao surgimento de mais imperfeições.

O porcelanato líquido deve seguir as diretrizes da ABNT NBR 14050 de Sistemas de revestimentos de alto desempenho à base de resinas epoxídicas e agregados minerais – Projeto, execução e avaliação do desempenho – Procedimento.

QUANTO CUSTA?

O custo x benefício do porcelanato líquido depende de alguns fatores, como o ambiente onde será aplicado. Em galpões com grande circulação de caminhões ou empilhadeiras, a solução pode ser mais barata do que aquelas que apresentam a mesma resistência. “O piso epóxi é um dos poucos que atinge a dureza de 40 até 80 MPa, necessária para esse tipo de situação”, informa Dantas.

Já em laboratórios farmacêuticos ou indústrias de alimentos, o material consegue apresentar os requisitos de limpeza por se manter livre de germes e infiltrações que podem aparecer nos rejuntes ou quinas das paredes e colunas. “Se os itens mais importantes do projeto forem funcionalidade, limpeza e beleza, o porcelanato líquido é a melhor opção”, destaca o especialista.

PORCELANATO LÍQUIDO 3D

Esta técnica, importada de Dubai e muito utilizada em pisos decorativos de empresas, tem ganhado cada vez mais espaço em residências de médio e alto padrão. O processo de aplicação é o mesmo do piso epóxi para a formação da base, entretanto, em vez da pintura com pigmentos, aplica-se a seguir um adesivo especial na base selada. O acabamento é feito com resina de alta resistência de 2 a 3 mm de espessura, o que confere ao piso um aspecto vitrificado. “Quando olhamos de determinado ângulo, fica a impressão de que a imagem está saltando do chão”, descreve Dantas.

Fonte: www.aecweb.com.br