Estoque de imóveis em alta exige criatividade do setor

O consumidor perdeu o impulso para gastar com imóveis. Começaram o ano com uma enorme indisposição para investir nesse mercado. E motivos não faltaram. Juntos com a inflação, os juros aumentaram expressivamente, a economia do país desacelerou, o governo e os bancos cortaram os incentivos para a casa própria e a burocracia ganhou vez. Somando esses elementos, o resultado final é um consumidor desmotivado, saindo de fininho e os imóveis se amontoando e criando um monstro de estoque parado.

Ai não tem jeito. Aumenta a oferta e diminui a procura. É muita oferta para pouco comprador. E ainda se vê muitos proprietários agindo como se nada estivesse acontecendo.

Uma coisa é certa: o mercado imobiliário está passando por uma nova fase e os ajustes são necessários. Ou os proprietários começam a inovar e abusar da criatividade em todas as fases de negociação ou serão soterrados por imóveis despencando do estoque.

Uma das dúvidas mais frequentes do consumidor é se vale mais a pena comprar ou alugar um imóvel. A decisão muitas vezes é uma questão de avaliar o que cabe no bolso. No caso da locação, muitos proprietários estão mais dispostos a negociar descontos a fim de evitar que o imóvel fique desocupado. Com estoque de imóveis à venda elevada e o reajuste dos contratos acompanhando a inflação, a conjuntura é favorável ao inquilino, que tem a possibilidade maior de negociar o valor do aluguel.

Em contrapartida, quem tiver dinheiro para comprar à vista ou com um bom percentual de entrada pode fazer um excelente negócio, aproveitando o desaquecimento do mercado.

Mais vale um imóvel ocupado do que um montante vazio compondo a estante imobiliária. Pior do que um imóvel vazio são as despesas que ainda se têm com ele, como IPTU, condomínio, entre outras que não param. Pensando nisso, surgiu um aporte financeiro, criado pelos próprios proprietários, que ficou conhecido como “allowance” ou “cash allowance”. O termo é novo e a estratégia é genial. No geral, alguns donos estão oferecendo um auxílio ao cliente para favorecer a negociação e fechar negócio. Dessa forma, o inquilino consegue ajuda na mudança, por exemplo.

É uma maneira criativa de chamar a atenção do consumidor, já que oferta é o que não falta e cliente é o que não se encontra tão fácil. Trata se, então, de uma estratégia do mercado imobiliário para furar a fila na hierarquia do excesso de ofertas e contribuir para ocupação dos imóveis.

O allowance deve ficar cada vez mais comum até o mercado se adaptar ao novo momento. Alguns podem pensar que o mercado imobiliário está apelando ao dar auxilio financeiro para o inquilino. Prefiro ver que o mercado está sendo estratégico, pois quem não acompanha o movimento social fica para trás. Como diz o provérbio, quem corre atrás de fantasias se fartará na miséria.

Os proprietários devem começar a facilitar o processo de compra/ aluga, parar de fantasiar que tudo continua igual e que nada precisa mudar. Além de oferecer espaço de qualidade, reajuste os preços, desburocratize o processo, crie incentivos, participe de feirões, abra espaço para lançamentos. Olhe ao redor e perceba que se não for criativo e não inovar ficará pegando pó lá no fundo do estoque.

Fonte: Brasil Econômico
Fonte: www.megaconstrucao.com.br